Lívia Maria Natália de Souza Santos nasceu em Salvador – BA em 1979.
Filha de Osun, criou-se nas dunas no Abaeté e, segundo a autora, alimentada por
Iemanjá, muito se banhou na poética praia de Itapuã. Talvez por isto as águas
sejam seu grande tema em Água negra, livro de estreia, ganhador do Concurso
Literário do Banco Capital em 2011 Categoria Poesia, e de Correntezas, seu
próximo livro de poemas. Consagrada a Osun e Odé no Terreiro Ilê Asé Obanan, a
vivência no Candomblé de fundamento Ketu é um dos temas mais fortes de sua
escrita, na qual comparecem também temáticas relativas à vivência da mulher
negra com seu corpo, cabelos e todos os signos etnicorraciais que atravessam,
buscando subverter conceitos e reinventar modos de ser.
Lívia Natália é Mestre (2005) e Doutora (2008) em Teorias e Crítica da
Literatura e da Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente é
Professora Adjunta do setor de Teoria da Literatura da UFBA, onde coordena os
grupos de pesquisa Derivas da Subjetividade na Escrita Contemporânea, no qual
pesquisa literatura contemporânea escrita em Blogues, e Corpus Dissidente:
Poéticas da Subalternidade em escritas e estéticas da diferença, no qual se
dedica a estudar a Literatura Negra escrita por mulheres no Brasil e nos PALOP,
com recorte em gênero, raça e sexualidades.
Além de ensinar disciplinas ligadas ao campo da Teoria da Literatura
na UFBA, também coordena e ministra Oficinas de Criação Literária nesta
Universidade e em projetos, para crianças em situação de risco. Atualmente, faz
formação em Psicanálise Clínica.
Rastro
Somos todos feitos da poeira de estrelas.
Elas apenas tangenciam nossos sonhos
inscrevendo-os na pele do infinito.
O grão de brilho puro
rouba sua luz da memória do sol.
E, em sendo lembrança só,
gira fugidio à orla do céu imenso.
Há, na trama retecida da minha alma,
um ressoar silente como o das estrelas,
a que chamo angústia,
apesar da poeira luminosa e viva
que trago debaixo dos pés.
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